06 setembro 2009

O conhecimento e suas perspectivas



Antes de qualquer coisa, precisamos dar uma definição ao que é o conhecimento: Utilizando as palavras da Maria Aranha: “O conhecimento é o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido.” E essa relação, durante toda a história da Filosofia, foi bastante discutida e trouxe muitos problemas, especialmente na contemporaneidade.

Existem basicamente 5 correntes que afirmam a possibilidade do conhecimento, e segundo a definição de Hessen; são elas:
  • Dogmatismo: Não existe um problema no conhecimento, pois o sujeito pode claramente conhecer o objeto exatamente da forma que ele é. Os principais representantes dessa corrente são os filósofos pré-socráticos;
  • Ceticismo: Oposto do dogmatismo, é impossível para o sujeito conhecer o objeto, logo devemos suspender completamente nosso juízo (epoché). Pode ser divido em ceticismo lógico, metafísica, ético ou religioso, metódico e sistemático. Seu principal representante e fundador é Pirro de Ellis (360-270 a.C.);
  • Subjetivismo e relativismo: Para essas correntes, a verdade existe, mas não de forma universal. Enquanto que o subjetivismo defende que ela dependerá do sujeito, o relativismo dirá que ela também dependerá de fatores externos, como o contexto temporal e espacial em que o sujeito está inserido. Os grandes representantes deste pensamento são os sofistas;
  • Pragmatismo: Para os pragmáticos, é verdadeiro aquilo que é útil, pois para eles o homem é um ser prático, ativo e dotado de vontade e, portanto, o sentido do conhecimento humano estaria ligado à prática. Teve origem nos Estados Unidos, sendo seu fundador William James (1842-1910).
  • Criticismo: Confia na possibilidade de conhecimento, como os dogmáticos, mas acredita que é preciso, antes de tudo, colocar qualquer tipo de afirmação à prova da razão. O principal teórico desta corrente é Immanuel Kant (1724-1804).
Certamente, o relativismo e o subjetivismo são as correntes mais aceitas pelos filósofos contemporâneos. Como afirma Marilena Chauí, o relativo, o incerto torna-se uma das características da pós-modernidade quando “Freud põe em dúvida o poderio da consciência, (...) os antropólogos descrevem a pluralidade cultural regida por necessidades internas de cada cultura (...) e Marx revela o poderio da ideologia e também os imperativos econômicos”.

Todos os grandes pensadores de nossa época, como Foucault, Deleuze, Derrida, Nietzsche, Husserl, dentre outros, irão defender esse conceito, que é o que rege ciências como a Sociologia, a Antropologia e a Pedagogia.

Outro ponto dos contemporâneos é a ausência da dicotomia sujeito-objeto na questão do conhecimento. Este ponto já é visto como superado, e hoje fala-se de atores dentro da questão do conhecimento, o que tira a limitação de ter de circular entre apenas dois atores (sujeito e objeto), enquanto na verdade existem muitos, como o contexto histórico, o laboratório, a Academia de Ciências, etc. Com isso, o conhecimento, quer seja dentro da ciência, da educação, da filosofia, ou de qualquer outro âmbito, toma um prisma histórico, estando aberto à todas as caracteristicas do contexto que o circunda, eliminando definitivamente qualquer ideia de absolutismo dentro das criações e perspectivas humanas.

9 comentários:

SATVRNVS disse...

Gostei muito deste blog. Parabéns pelos posts bem selecionados sobre a Filosofia. Estou indicando para professores e meus alunos.

Aline Deaba disse...

Muito obrigada!

Unknown disse...

Bom, não me parece que o ceticismo seja mais uma corrente que afirma a possibilidade do conhecimento tal como tu colocas: "Existem basicamente 5 correntes que afirmam a possibilidade do conhecimento...".
Ceticismo é uma escola filosófica que, mesmo entre os "letrados" em filosofia, atribuem uma série de concepções preonceituosas e senso comum. Mas isto é discussão para outra hora!
Mas, por favor, não fique brava com meu comentário, não pretendo com isto te corrigir ou bancar o pedante, só gostaria de chamar atenção para algo pouco discutido, mesmo entre os que estudam filosofia.

Aline Deaba disse...

Existe a escola filosófica chamada de Ceticismo e a corrente em Teoria do Conhecimento chamada Ceticismo... é a mesma palavra, mas a definição é bem diferente. E nunca vi nenhum problema de incongruência nisso. E estas definições que usei são dadas pelo Hessen em seu livro sobre a Teoria do Conhecimento.

Eduardo disse...

Eu discordo um pouco dessa classificação. Os pré socráticos são menos dogmáticos que Sócrates, Platão e Aristóteles, pensadores muito mais condicionados a uma ideia de verdade universal. Os pré-socráticos são mais "ingênuos" e abertos a um diálogo cooperativo na tentativa de superação do mythos...

Aline Deaba disse...

Pode até ser, mas até os sofistas, os pré-socráticos não se colocam a questão da dicotomia sujeito-objeto, se é possível ou não conhecê-lo, eles apenas formulam suas teorias... É neste sentido que, para Hessen, eles são dogmáticos.E, naturalmente, os filósofos clássicos também são considerados dogmáticos, muito embora num dogmatismo diferente do que aqueles que vieram antes deles.

Célcio Shinéna disse...

Quais são as perspectivas da anise do conhecimento?

Unknown disse...

A materia aqui é Ben resumida, objective,o site está de parabéns

Unknown disse...

Gostei do site.

continua a resumir materias relacionadas com filo