25 fevereiro 2009

EM UM MOMENTO DE CRISES...


O termo crise advém da palavra latina Krisis, que pode ser entendida em nossa língua como um momento de escolhas. Escolhas que por sua vez, são fundamentais para algo que se encontra em estado de saturação, ou seja, uma crise é provocada por situações mórbidas que fazem com que o indivíduo olhe para sua vida e decida qual o caminho pode traçar. Uma forma de mergulhar no caos da existência e se deparar com riscos e vulnerabilidades à fim de emergir com força para uma nova fase em sua vida. Na psicologia, a crise pode evoluir tanto positivamente quanto negativamente, dependendo muito da condição e da adaptação da pessoa aos novos rumos decorrentes de um incessante devir.

Hoje, em qualquer telejornal, grande parte das manchetes vem enfatizar atitudes que governantes e executivos tem tomado para barrar e sobreviver em um mundo imerso em uma das piores crises econômicas registradas na História. Contudo, acredito que a os meios de comunicação são um tanto quanto simplistas (só pra variar) ao se referirem ao nosso momento conturbado. Posso muito bem estar enganado, até porque não sou economista, mas olho para a crise imobiliária norte-americana como uma explicação mesquinha e de má fé para algo muito mais profundo: A crise econômica é apenas uma das cobras da cabeça da Medusa.

Como disse Bauman, “se o homem contemporâneo não inventou a incerteza ela a descobriu”, no mundo de hoje não temos nem um andar sólido e tão pouco uma mão para nos ajudar a sair da temível areia movediça. A vida "pós-moderna" se tornou algo sem forma, onde todo momento temos de mudar, se reinventar, se adaptar, caso contrário seremos engolidos pelo poço sem fundo da pantanosa contemporaneidade. Ou seja, na ânsia de nos salvarmos esquecemos que estamos em uma relação dialética com os outros.

Não sei se alguém reparou, mas a crise econômica só vem ratificar tantas outras: Crise ambiental, Crises existenciais, Crises epistemológicas, Crises axiológicas, Crises filosóficas, Crises... Crises e mais crises.

O mundo encontra-se em estado de erupção e precisamos urgentemente traçar novos caminhos para nossa existência, tanto em nível macro quanto em micro molecular. O problem é que qualquer atitude se torna extremamente difícil, até porque os dilemas contemporâneos fogem a visão cartesiana de fragmentação, não existindo problemas particularizados e sim uma reação em cadeia onde cada situação pode influir em infinitas outras.

Em uma visão pessimista, acredito que a humanidade está caminhando para o lado pejorativo do existir. Há um buraco negro no horizonte de nosso futuro e com nossas engenhosas séries de soluções mesquinhas (que só visam preservar nossa arrogante visão de mundo) fazemos com que o campo gravitacional só aumente nos arrastando com cada vez mais intensidade, aumentando cada vez mais o abismo apocalíptico.

"Comprar cada vez mais" - como disse nosso amigo George W. Bush depois dos atentados- não nos livrará nem de crises econômicas e muito menos das existenciais, atitudes imbecis como estas só acumularão mais desgraças para um futuro eminente.

É preciso reavaliar a condição humana, pois nosso egoísmo exacerbado (exponenciado principalmente pela sociedade capitalista) fez com que fosse vivida uma vida solipicista, onde apenas nos importamos com nosso ego e aquilo que o satisfaça. Uma nova educação seria uma ótima forma de lutar por um mundo melhor, porém esse processo teria de ser voltada muito mais para fins éticos e um pensamento crítico do que para fins pragmáticos e financeiros, o que nossa sociedade infelizmente não dá valor e costuma ser ignorado pelos objetivos vigentes.

E com isso voltamos para lama novamente...

“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente”

Gabriel, o pensador



Felipe Camargo

“Nem sempre se pode ser Deus/

É por isso que estou gritando”


Um comentário:

PostMaster_IEPJJ disse...

E com isso voltamos para lama novamente...

“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente”

Gabriel, o pensador



ou não, a negação da negação de fato veio a calhar nestas situações, contudo o fator humano e seus "pecados naturais" não andam nos dando oportunidades de crescimento, de "andarmos para frente". Lógica básica aí. A gente mudo o mundo com a mudança da mente e quando o a mente muda a gente pra ? depende... mudanças ouveram, mas ninguém encontrou o caminho pra casa... sem descanso pros trabalhadores cotidianos e nos seus umbrais jáis a a esperança da vida pós morte, a rendenção.. pois aqui a coisa anda feia.. já dizia Elis Regina a aquele velho amigo marciano...