30 julho 2008

O niilismo político na contemporaneidade


Na Grécia antiga, o filósofo grego Aristóteles, dizia que o homem por natureza é um animal político. Na sociedade grega se atribuia um grande valor aos homens que através de sua retórica e a construção de argumentos racionais plausíveis conseguiam exercer cargos de grande prestígio na antiga polis. Tais cargos eram exercidos pelo amor à política e pela busca de uma sociedade harmoniosa e equilibrada.

Na contemporaneidade, do sentimento que os cidadãos gregos cultivavam sobraram apenas as lembranças. É triste afirmar que os axiomas e os planos de governo dos candidatos se tornaram secundários, atualmente não são as idéias e muito menos a capacidade do político que convence a grande massa e sim um espetáculo de simulacros, simulações, falsidades e merchandising.

Quando se assiste o horário eleitoral, o telespectador está diante de um espetáculo que tem como objetivo causar riso (Se lembram do Éneas que ficou famoso pela fala rápida e pelo visual excêntrico), comoção (as histórias tristes da periferia que é esquecida por quatro anos e só lembradas em época eleitoral), boa aparência (quem não se lembra de Fernando Collor em seu Jet-sky) e muitas outras parafernalhas que iludem e transmitem uma pseudo-imagem do candidato.O teatrólogo Bertold Brecht falava em seu poema:


O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”


Só que infelizmente, a ilusão é tão grande que se torna inevitável o ceticismo, um exemplo é o nosso presidente da República, um candidato que surgiu das periferias, sempre envolto em discursos revolucionários que faziam transparecer em tom messiânico que seria o salvador das classes baixas e diminuiria as condições miseráveis da grande maioria da população. Porém o que se viu foi a maior crise de corrupção que já se viu em Brasília. Isto não é incrível?

Infelizmente uma gestão para o povo e uma luta por um mundo mais justo não parece ser o objetivo principal que leva uma pessoa a tentar se eleger (muitos usam isto apenas para ganhar votos). Nossos candidatos estão muito mais interessados nas arregalias e no dinheiro que é oferecido do que em exercer a política em seu sentido mais amplo.

Enquanto perdurar a mentalidade de se fazer política para fins próprios e não para a sociedade, estaremos a mercê das patifarias (o que é mostrado quase que diariamente nos jornais) e ao espetáculo de crença solipsista que agride brutalmente o cérebro das pessoas que pensam. E o verdadeiro sentido da palavra política (O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία , que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado) vai por água baixo.


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