06 agosto 2009

A gripe, o porco e a tragicomédia humana.


Estado de pânico! A hipocondria se dissemina assustadoramente, as pessoas com medo não saem mais nas ruas, as que se aventuram são taxadas como corajosas e se defendem energicamente com super máscaras e um pote de álcool em gel para desinfetar tudo aquilo que é alheio, os hospitais lotados não possuem mais leitos para seus doentes e a mídia faz atualização a cada minuto sobre o número de mortes que se expande assustadoramente. Não descrevo aqui um trecho do livro de Albert Camus e nem a sinopse de algum escatológico filme de Holywood e sim a nova protagonista do momento: A gripe do porquinho.

O vírus H1N1, causador da gripe, é comum em porcos em todos os cantos do mundo, se caracteriza principalmente pelo enfraquecimento do sistema imunológico de seu hospedeiro, abrindo as portas para infecções mais graves, como a pneumonia. O vírus a princípio, não era contagioso entre seres humanos, porém, a plasticidade do micro-organismos virais é assustadoramente fantástica e através de mutações, passou a ser feita de pessoa para a pessoa. A gripe só no Brasil, matou mais de 150 pessoas e existem milhares (se não milhões) que estão com suspeitas, enfim, nada que seja inédito aos noticiários e sites.

Mas eu como um bom observador, tentei olhar um pouco além do vírus e algumas coisas me surpreenderam. Primeiramente fiquei abismado com a propagação do vírus em escala global, em menos de um mês se espalhou pelos quatro cantos do planeta, isso sem contar as gigantescas operações criadas para barrar o vírus na fronteira dos países com risco maior de contaminação. Apesar de tanto alarde, não foi possível conter esse minúsculo ser, que provoca mais mortes do que qualquer outro ser vivo no planeta.

Outra coisa que me deixou assustado foi a vulnerabilidade humana, por mais que a ciência “evolua” ¹, ainda estamos a mercê das contingências da natureza. O homem não consegue dar conta da enérgica mutabilidade de vírus e bactérias, por isso corre muito atrás desses micro seres, ou seja, a desvantagem em relação a vírus destrutíveis pode ocasionar em números gigantescos de óbitos. ESTAMOS SERIAMENTE AMEAÇADOS.

O homem está extinguindo grande parte da macro vida do planeta, porém, em relação a micro organismos podemos dizer exatamente o contrário, pois esses se encontram cada vez mais resistentes aos medicamentos até então criados, e o encurtamento das fronteiras pode fazer com que uma pessoa contraia o vírus em Nova Iorque e o transmita no Zimbábue, o que faz a transmissão assumir formar gigantesca em pouca margem de tempo. E ainda pode ser pior, pois grande parte de vírus e bactérias são desconhecidos ², o que demandará muito tempo de pesquisa para uma possível solução do problema infectológico.

Não querendo ser pessimista, mas olhando sob esse prisma, isso nos parece extremamente assustador.

Será que o homem com sua vulnerabilidade ainda é o centro do Universo?



1 – Não gosto muito de utilizar essas palavras, mas empreguei-a no sentido de que a ciência hoje se mostra mais complexa.

2 – Segundo a revista Super Interessante, se colocarmos todos os seres vivos em uma balança, cerca de 80 por cento do peso total será correspondente a vírus e bactérias e grande parte desse montante ainda não foi conhecido pelo homem.

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